domingo, 8 de setembro de 2013

Obrigação de estado - Indignação contra a corrupção

Há diversos textos circulando na Internet com o propósito de tentar denunciar os vícios de caráter da população, textos que serão colocados como citações paralelas nesta postagem, concluindo que os políticos corruptos do Brasil não são mais que legítimos representantes dessa população. Só que não.

O Brasileiro é assim:
A- Coloca nome em trabalho que não fez.
B- Coloca nome de colega que faltou em lista de presença.
C- Paga para alguém fazer seus trabalhos.
1. - Saqueia cargas de veículos acidentados nas estradas.
2. - Estaciona nas calçadas, muitas vezes debaixo de placas proibitivas.
3. - Suborna ou tenta subornar quando é pego cometendo infração.
4. - Troca voto por qualquer coisa: areia, cimento, tijolo, e até dentadura.
5. - Fala no celular enquanto dirige.
6. - Usa o telefone da empresa onde trabalha para ligar para o celular dos amigos (me dá um toque que eu retorno...) - assim o amigo não gasta nada.
7. - Trafega pela direita nos acostamentos num congestionamento.
8. - Para em filas duplas, triplas, em frente às escolas.
9. - Viola a lei do silêncio.
10. - Dirige após consumir bebida alcoólica.
11. - Fura filas nos bancos, utilizando-se das mais esfarrapadas desculpas.
12. - Espalha churrasqueira, mesas, nas calçadas.
13. - Pega atestado médico sem estar doente, só para faltar ao trabalho.
14. - Faz "gato " de luz, de água e de tv a cabo.
15. - Registra imóveis no cartório num valor abaixo do comprado, muitas vezes irrisórios, só para pagar menos impostos.
16. - Compra recibo para abater na declaração de renda para pagar menos imposto.
17. - Muda a cor da pele para ingressar na universidade através do sistema de cotas.
18. - Quando viaja a serviço pela empresa, se o almoço custou 10, pede nota fiscal de 20.
19. - Comercializa objetos doados nessas campanhas de catástrofes.
20. - Estaciona em vagas exclusivas para deficientes e idosos;
21.. - Adultera o velocímetro do carro para vendê-lo como se fosse pouco rodado.
22. - Compra produtos pirata com a plena consciência de que são pirata.
23. - Substitui o catalisador do carro por um que só tem a casca.
24. - Diminui a idade do filho para que este passe por baixo da roleta do ônibus, sem pagar passagem.
25. - Emplaca o carro fora do seu domicílio para pagar menos IPVA.
26. - Frequenta os caça-níqueis e faz uma fezinha no jogo de bicho.
27. - Leva das empresas onde trabalha, pequenos objetos, como clipes, envelopes, canetas, lápis... como se isso não fosse roubo.
28. - Comercializa os vales-transporte e vales-refeição que recebe das empresas onde trabalha.
29. - Falsifica tudo, tudo mesmo... só não falsifica aquilo que ainda não foi inventado.
30. - Quando volta do exterior, nunca diz a verdade quando o fiscal aduaneiro pergunta o que traz na bagagem.
31. - Quando encontra algum objeto perdido, na maioria das vezes não devolve.
E quer que os políticos sejam honestos....
Escandaliza-se com o mensalão, o dinheiro na cueca, a farra das passagens aéreas...
Esses políticos que aí estão saíram do meio desse mesmo povo, ou não?
Brasileiro reclama de quê, afinal?
A situação de corrupção da população é reflexo da corrupção presente nos níveis mais elevados da sociedade, nos detentores do Poder, nos detentores do capita. Essa conseqüência do esvaziamento moral das camadas mais influentes foi anunciada por Ruy Barbosa de Oliveira quando ele disse:

De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer as injustiças, de tanto ver agigantar-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.

É essa inversão de valores que nós vemos se instalar no Brasil principalmente depois da ascensão da Esquerda Política ao Poder, por volta do ano 1994, com a eleição de FHC do PSDB, partido que sempre foi tão de Esquerda quanto PT, PCO, PSTU, mas que está disputando o poder com esse bloco, mais visivelmente de Esquerda.

Dessa forma, nós podemos concluir que o mal que os políticos estão fazendo é algo que tem reflexo na própria vida das pessoas. É algo que tem reflexo na ética, na moral, nos costumes, na forma como as pessoas conduzem suas vidas. Ocorre que esses reflexos estão sendo usados, agora, como causa da situação política do Brasil. Isso não pode ser aceito como legítimo.

A corrupção começou de cima para baixo. Pessoas mal intencionadas sempre houveram em todos os níveis culturais, políticos e sociais. No entanto a reprovabilidade da conduta corrupta sempre foi grande. Ocorre que está sendo diminuída essa reprovabilidade. Pelo menos é o que revela pesquisa de opinião feita com 400 paulistanos em que mais pessoas disseram que aceitariam fazer parte do esquema do que aquelas que disseram que não aceitariam. Nós ainda podemos concluir que muitos daqueles que disseram que não aceitariam, disseram só da boca para fora.

O que está acontecendo é muito simples. Existe uma força corruptora no Brasil. Essa força pode ser um bloco de partidos, um partido corrompendo os outros, políticos isolados em diversos partidos, não sendo este blog de política, mas sobre educação, vamos apenas falar disso no contexto da educação e não fazer uma análise política profunda.

Ocorre que essa força corruptora está querendo que a população, as pessoas que poderiam realmente fazer algo para mudar a situação, se rebelar, fazer barulho, que todos eles não sejam apenas compassíveis com a corrupção, mas, de certa forma, sejam eles até cúmplices da corrupção.

Quem está errado, quem cometeu algum erro o que procura fazer é chantagem para aquele que viu o erro, não denuncie. Esses textos acusando a consciência coletiva tem justamente essa função. A função de dizer para quase a totalidade da população calar a boca enquanto os corruptos continuam corrompendo.

Assim sendo, temos parte da população como cúmplice da corrupção, mesmo que seja uma cumplicidade meramente interna, aquela de se acusar de estar indignado com o que aconteceu com o mensalão, com diversos outros esquemas de corrupção, talvez porque ele, o cidadão individualmente considerado, o mesmo que faz esse juízo de reprovabilidade, não tenha recebido nada do esquema de corrupção. Ou isso, ou a população como vítima e, ao mesmo tempo na coautoria dos crimes, porque vendeu seu voto, ou porque também é corrupta na sua vida particular, trai sua esposa, sai sem pagar a conta, saqueia carga de caminhão batido, dentre outras coisas.

Ocorre que a população possui uma obrigação de estado. A população enquanto população deve fiscalizar, se manifestar contra o que está errado nos maiores escalões e isso não por uma questão de ter moral de cobrar, mas por uma questão de ser cidadão.

O que esses textos procuram fazer é apenas retirar essa variável. Retirar essa obrigação de estado. Está errado. A população possui uma obrigação enquanto população, obrigação de se indignar, falar contra o que está ocorrendo de errado, fazer refletir no seu voto e nas suas ações essa indignação.

Não que possa cometer erros, fraudes e crimes à vontade, pelo contrário, deve-se ser, cada um, a mudança que gostaria de ver no mundo, mas deslizes, erros e falhas às quais todos estão sujeitos e DEVEM TENTAR EVITAR O QUANTO MAIS, não pode ser uma justificativa para aqueles que estão administrando o patrimônio público o faça de maneira fraudulenta, para aquele que administra a justiça o faça de maneira injusta, para aquele que legisla, o faça em interesse próprio.

Que cada um pague pelos seus crimes e não existe a compensação de um crime pelo outro. Se eu te agrido injustamente de mãos livres e você tenta me matar com uma arma de fogo depois de algumas horas, uma coisa não compensa a outra. Você vai responder por tentativa de homicídio e eu vou responder  pela agressão que eu cometi e se eu cometi algum crime, me processe, mas eu vou me indignar contra os crimes que você cometer.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Verdadeira cultura Negra no Brasil (sugestão para o dia da consciência negra)



Primeiramente temos que raciocinar sobre o que é cultura brasileira para depois começarmos a conversar sobre o que é a boa cultura negra aqui no Brasil.

Nem tudo aquilo que o negro faz no Brasil é cultura brasileira. Se um aiatolá árabe chega ao Brasil e começa a recitar as suas orações islâmicas, isso não é cultura nacional. Se um negro, vindo da África, começa a cantar canções folclóricas de seu país, aquilo não é cultura nacional, mas uma cultura estrangeira que veio aportar aqui no Brasil e está no nosso solo como algo acidental.

Isso não é desprezar a cultura árabe, como também não é desprezar a cultura negra, mas é necessário termos padrões, mais ou menos inteligíveis para conseguirmos discernir o que é a cultura verdadeiramente brasileira daquilo que veio de fora e passou a fazer parte da nossa realidade, mas para grupos isolados e o que passou a exercer certa influência, mas de maneira quase que parasitária.

A verdadeira cultura brasileira é formada por pessoas que criaram alguma coisa aqui no Brasil, não por escravocratas africanos que continuaram sendo escravocratas, mesmo depois de serem eles mesmo escravizados e terem conseguido fugir dos seus senhores, desejando, nada além da própria liberdade e no quilombo, viesse ele mesmo a ter escravos. Não desejar para o outro aquilo que não se deseja para si é ensinamento cristão e NÃO, nem toda religião é boa.

Então se os grupelhos que se colocam à margem da cultura nacional, não vale como cultura brasileira, o que então seria verdadeira cultura brasileira, e o que seria cultura produzida por negros?

Cultura negra, para mim, é Machado de Assis, um mulato, na verdade o que os gringos chamam de quadraroom, nascido de família pobre, pai mulato e mãe lavadeira o que não o impediu de ocupar diversos cargos públicos e fundar a Academia Brasileira de Letras.

Outro exemplo de cultura negra verdadeira é Aleijadinho, o mulato, o nome mais importante da escultura e arte-sacra no Brasil. Mesmo sendo mulato e tendo que se submeter a muitas restrições, isso não impediu de ser lembrado até hoje, sendo que ano que vem será o bicentenário de sua morte.

Outra pessoa que eu acho que merece ser citada como grande nome da cultura negra e legítima cultura negra no Brasil é o Donga, compositor do primeiro samba e, por que não, Pixinguinha, célebre compositor, músico e cantor.

Vamos elevar o nível da cultura, da popularidade, para níveis mais sofisticados, podemos citar Cruz e Souza, compositor de poemas de sonoridade envolvente e estrutura brilhante, uma pessoa que sempre sofreu na própria pele os horrores de uma sociedade escravocrata e de racismo institucionalizado, mas que não ficou se fazendo de vítima, pelo contrário, trabalhou, estudou, chegou aos maiores postos que sua condição de filho de negros alforriados permitiu chegar, aprendendo a mais fina cultura, enquanto, do outro lado do Atlântico, um caucasiano francês dizia: “sem dúvida, que o Hotentote (uma etnia negra) é de uma raça inferior”.

Poderíamos nos estender muito falando sobre cada um dos grandes negros que fizeram parte da história brasileira, mas, não apenas isso, mas também criaram a história da qual eles fazem parte. Todos eles têm algo muito interessante em comum.

O que esses negros, mulatos e quadradões (pessoa com um quarto de sangue negro) fizeram foi se adaptarem à cultura nacional, fizeram parte da população, não se auto segregaram. Temos excelentes exemplos de pessoas que até mantiveram suas crenças religiosas africanas, como o Sambista Donga, que frequentava Terreiro, mas não se colocava à parte da população branca.

Cruz e Souza, um dos poetas mais brilhantes que em plena época da escravatura mostrava que o sangue negro era tão capaz quanto qualquer caucasiano, ele não ficava prestando tributo à sua descendência africana, mas falava das próprias angústias, dos próprios sentimentos, conflitos, tristezas da alma, não usando um linguajar ioruba, mas um português rebuscado, no estilo parnasiano, com sonetos elaborados e criativos.

Cada um deles, a seu modo e com os recursos que dispunham, não ficaram com um discurso vitimista, como dizem hoje em dia: não ficaram com mimimi. Não ficaram se fazendo de vítimas por terem sido trazidos contra vontade da África, perseguidos como animais, aliás, pergunto, que negro, hoje em dia, mesmo que viva humildemente e até passando necessidade, gostaria de voltar para a África?

Já escrevi outra vez sobre o vitimismo escravocrata aqui no blog e referencio o artigo aqui, apenas para dizer que não há lugar para isso. Os negros sempre foram escravocratas. Negros eram levados como prisioneiros para os Quilombos e se tentassem fugir, porque não raras vezes as condições de vida nos quilombos eram piores que nas senzalas, eram perseguidos quiçá com maior severidade do que pelo Capitão do Mato.

Também, nunca é demais lembrar que nem tudo é adequado para o ambiente de uma escola. Nada justifica os alunos comporem um funk proibidão. Se quer rimar, rime falando sobre o respeito aos mais velhos; se for para compor música, que façam músicas sobre a importância do professor; se for para fazer um poema, que falem sobre um tema adequado à idade.

Fica aqui a minha contribuição para o dia da consciência negra: não existe uma identidade negra, pelo menos não deveria haver. Não existe uma cultura negra, nem uma cultura indígena, nem uma cultura cabocla, existe uma cultura nacional e o negro que escreve da forma como um branco talentoso escreve, o branco que canta com voz forte, de negro, o índio que se comporta com a polidez e etiqueta de um urbanoide, não estão negando sua identidade, pelo contrário, a identidade do negro, do branco, do índio, do judeu, do pardo, do albino só será verdadeiramente valorizada quando todos eles construírem uma identidade nacional que seja realmente forte.

Uma pequena lista de pessoas cuja memória merece ser celebrada no dia da consciência negra:

Aleijadinho
André Pinto Rebouças
Capistrano de Abreu
Clementina de Jesus
Cruz e Sousa
Donga
Evaristo de Moraes
Firmino Monteiro
Floriano Araújo Teixeira
Gonçalves Dias
Hermenegildo Rodrigues de Barros
Joaquim Barbosa
Lima Barreto
Lobo de Mesquita
Machado de Assis
Martinho da Vila
Nilo Peçanha
Pixinguinha
Pedro Lessa
Tobias Barreto
Waldomiro de Deus

São esses que devem ser os heróis da juventude negra no Brasil, nada de Mr. Catra, funk proibidão, ou jogadores de futebol promíscuos e artistas drogados que compõem algo análogo à música, que fala de matar policial, nada de inspiração vinda de dançarinas seminuas ou pessoas promíscuas.